PEDAGOGIA DA AUTONOMIA | FICHAMENTO DE OBRAS
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“É nesse sentido que reinsisto em que formar é muito mais do que puramente treinar o educando para o desempenho de destrezas” (p. 16)
Essa citação, contida na página 16 do livro, faz parte da introdução da obra, intitulada Primeiras Palavras. Trata-se de um texto escrito por Paulo Freire em 1996, na cidade de São Paulo. Nele, o autor nos dá as bases em que estão fundadas todo o trabalho.
A autonomia dos estudantes, como o próprio título do livro insinua, é a temática central dessa obra, que, segundo o próprio Freire, está sempre sendo retomada em seus estudos e está permeada por toda sua carreira como educador. Para ele, essa autonomia só poderia ser alcançada por meio de uma prática progressiva e com a clara consciência, como foi colocado no início desta postagem, de que formar é diferente de treinar.
Paulo Freire se diz um crítico do neoliberalismo e da ideologia fatalista. Em relação à imparcialidade, ele refuta aquela posta pela ciência positivista onde o observador deveria estar de fora dos fatos, sem se influenciar por eles. Segundo Freire,
"Quem observa o faz de um certo ponto de vista, o que não situa o observador em erro." (p. 16)
Ele entende, então, que todos têm um lado e que não é possível educar sem estar em lado nenhum, se colocando, dessa forma, ao lado dos excluídos. Também é crítico do fundamentalismo, mesmo que seja por parte do oprimido como meio de fazer valer seu ponto de vista.
Nesta obra, o educador também fala sobre ética, destacando que
"[...] é preciso deixar claro a ética de que falo não é a ética menor, restrita, do mercado, que se curva obediente aos interesses do lucro." (p. 16)
Sendo responsabilidade do professor na tarefa de educar, a ética universal do ser humano deve estar expressa na prática formadora, ética essa que, para Paulo Freire, deve condenar a exploração, as acusações infundadas, a "perversão hipócrita da pureza em puritanismo", além de ser contrária a qualquer tipo de discriminação. Nas palavras do autor,
"É por essa ética inseparável da prática educativa, não importa se trabalhamos com crianças, jovens ou adultos que devemos lutar." (p. 18)
Ética essa que é diferente da ética que o autor classifica como menor, estabelecida pelo mercado, que restringe ao lucro e impõe um moralismo hipócrita.
Diante do pensamento antagônico, aquele que difere do nosso, Freire estabelece que a crítica não deve ser rasa e, tampouco, se pautar na mentira. Ela tem por obrigação ser coerente. Sobre isso, autor afirma ainda, que:
"Não podemos basear nossa crítica a um autor na leitura feita por cima de uma ou de outra de suas obras. Pior ainda, tendo lido apenas a crítica de quem só leu a contracapa de um de seus livros." (p. 18)
Paulo Freire parecia estar vendo a forte crítica que o próprio sofre nos dias atuais onde se acredita, erroneamente, que as escolas brasileiras adotaram seu conceito de educação. Conceito esse que, segundo seus críticos, seria baseado na libertinagem e no faça o que quiser. Freire estipula então que a prática educativa deve permitir aprender com o diferente e ser livre de antipatias pessoais.
Nessa introdução, o autor define a presença humana no mundo como aquela capaz de reconhecer a si própria, que transforma e intervém, que pensa e decide. Ele questiona se por nossas ações serem fruto da genética, cultura e classe social na qual estou inserido, não seremos responsáveis pelo que fazemos. Freire diz que não é ético pensar de tal forma, o que contraria seus críticos da atualidade, apontando os fatores citados anteriormente como condicionantes e não determinantes. Logo,
"Isso não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados e não determinados. Reconhecer que a história é tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável." (p. 20)
O autor finaliza, então, dizendo que esse livro é de esperança e otimismo, mas pontua que não é aquela esperança falsa e o otimismo vão, como os contidos nos livros de autoajuda.
Freire prega a fuga de qualquer tipo de fatalismo, sustentáculo do discurso neoliberal, que naturaliza as injustiças e engessa a prática educativa. Ao final do texto, ele ainda provoca,
"Do ponto de vista de tal ideologia, só há uma saída para a prática educativa: adaptar o educando a esta realidade que não pode ser mudada. O que precisa, por si mesmo, é o treino técnico indispensável à adaptação do educando, à sua sobrevivência." (p. 21)
FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
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