DE EXAMINAR PARA AVALIAR | FICHAMENTO

 


LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 22. ed. São Paulo: Cortez, 2011

TEXTO ANTERIOR: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM, MAIS UMA VEZ

DE EXAMINAR PARA AVALIAR


“Para termos resultados novos no processo de ensino-aprendizagem em nossas escolas são necessários hábitos novos e estes, por sua vez, exigem novas aprendizagens, como também novas condições para exercitá-las.” (p. 67)


Para que possamos mudar nossas práticas com vistas ao sucesso do ensino e da aprendizagem, é preciso atenção constante com foco na superação da pedagogia do exame, que está profundamente enraizada em nossa formação.

Essa, no entanto, é uma transição desafiadora diante das dificuldades enumeradas por Luckesi. A primeira delas está na História da Educação, cujos padrões foram estabelecidos no início da Idade Moderna, onde imperava a lógica do controle e do disciplinarmente. Nesse contexto, as escolas e os exames que utilizamos hoje estão sistematizados desde o século XVI, com fundamentação nas ameaças e castigos.

Trata-se de um modelo resistente a mudanças, o que demanda a superação de forma lenta e gradual com ação concreta para sua desconstrução para ultrapassar a prática do da pedagogia do exame. Segundo Luckesi, a dificuldade está no fato de


“A configuração histórica do modo de agir com os exames tornou-se resistente a mudanças, pois que ela oferece um modo confortável de ser, garantindo ao educador poder de controle sobre os educandos. Não é fácil abrir mão disso.” (p. 69)


O modelo social é outro desafio apontado pelo autor na superação das antigas práticas, já que, como reflexo de uma sociedade burguesa hierarquizada e excludente, os exames se opõem à avaliação inclusiva e democrática. Assim, a inclusão só será possível a partir do desejo e da consciência crítica do educador com disposição e comprometimento para afrontar o modelo social vigente.

Como terceira dificuldade, aparece a experiência de vida do educador. Por ter sido constantemente examinado e ameaçado em sua trajetória, o professor tende a reproduzir práticas as quais foi submetido de forma quase sempre automatizada. Para que isso seja rompido, temos de mudar nossos hábitos sedimentados, exercitando a consciência e atenção, já que


“Em nossas vidas escolares, aprendemos a obedecer, de modo externo e aversivo, e, agora, repetimos essa prática junto aos nossos educandos, usando os exames como recurso de controle. Os traumas e abusos, pelos quais passamos em nossas vidas, fixam-se em nosso inconsciente e, de lá, acionam automaticamente comandos, que externamente regem nossas condutas.” (p. 71)


Diante do que tratamos até aqui, a implementação de uma prática avaliativa inclusiva exige consciência clara que estaremos rompendo com práticas estabelecidas há séculos. Além disso, precisamos convergir em direção a uma nova ação profissional e à prática educativa que busca o sucesso do estudante sem que ninguém fique para trás. Logo,


“Caso desejemos transitar do ato de examinar para o ato de avaliar, todos os dias, antes de nos dirigirmos para o contato com nossos estudantes na sala de aula, necessitaremos de repetir um propósito: ‘nunca mais atuarei com os atos examinativos em minha sala de aula’.” (p. 72)


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