ESTADOS UNIDOS E OS CONFLITOS NO IRÃ E NO IRAQUE | TEXTOS | GEOGRAFIA


A PRESENÇA OCIDENTAL COMO AMEAÇA

O fundamentalismo religioso é uma constante em alguns países do Oriente Médio. A formação de Estados teocráticos, ou seja, aqueles em que o poder político está articulado com a religião, levou à aplicação de leis religiosas a todos os aspectos da vida política e social.

A presença ocidental foi o principal gatilho para o surgimento desse tipo de Estado, cujo objetivo seria combater a assimilação de valores impostos por França, Inglaterra e, principalmente, Estados Unidos em detrimento da cultura tradicional.

Tal conflito entre ocidentalização e preservação da tradição islâmica levou a formação de grupos contrários à presença ocidental na região, se destacando entre eles o Hezbollah, Talibã, Jihad Islâmica, Estado Islâmico e  Al Qaeda. A luta em comum desses grupos é pela restauração da antiga organização do califado, onde o califa tinha poder absoluto retornando, assim, às raízes do islamismo.


IRÃ


Após a Segunda Guerra Mundial, o Irã viveu um período de agitação e crescimento de movimentos tanto de esquerda progressista quanto fundamentalistas religiosos levando à primeira intervenção estadunidense na região motivada diretamente pelas reservas de petróleo do país.

A decisão do Irã de nacionalizar o petróleo resultou em um golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos em 1953, levando ao poder Mohammad Reza Palehvi, líder revoltoso pró Ocidente.

Além das ações ditatoriais, Palehvi criou polos de insatisfação interna ao manter uma política de aproximação com o ocidente e ostentação das mordomias desfrutadas com os lucros do petróleo. Passou a ser considerado corrupto e contrário aos interesses do povo pela população e pela liderança religiosa, cuja maioria era de origem xiita.

As insatisfações culminaram na Revolução Islâmica de 1979, primeiro grande movimento fundamentalista religioso no Oriente Médio. As revoltas lideradas pelo Aiatolá Khomeini em defesa de um governo com leis subordinadas ao Corão e pela criação de uma sociedade contrária aos costumes ocidentais, levaram à deposição de Palehvi, fechando o Irã para o Ocidente, restringindo às conquistas que as mulheres obtiveram até então e colocando o Aiatolá acima da autoridade do presidente.

Como retaliação, os Estados Unidos impôs sanções econômicas ao país que durou até meados dos anos 2010. O pretexto utilizado pela potência norte-americana foi a produção de armas de destruição em massa, algo que nunca foi provado. Em um acordo internacional firmado em 2015, o Irã se comprometeu a utilizar seu programa nuclear para fins pacíficos encerrando as sanções econômicas. Porém, elas foram restabelecidas em 2018 por vontade de Donald Trump.


IRAQUE


Os problemas iraquianos começaram com a Guerra travada contra o Irã. A intervenção estadunidense após a Revolução Islâmica tinha por objetivo abalar o novo governo dos aiatolás e impedir que os ideais dessa revolução se espalhasse para outros países da região. Para isso, incentivou o Iraque de Saddam Hussein, com maioria sunita,  a entrar em Guerra contra Irã, de maioria xiita, estimulando suas rivalidades.

Em 1980, tropas iraquianas, financiadas e armadas pelos Estados Unidos, invadiram o Irã na tentativa de conter o sucesso da Revolução Islâmica. Além da questão religiosa, estava em jogo o controle de importante canal no golfo pérsico por onde era escoado o petróleo. O conflito terminou em 1988 com a derrota do Iraque, um grande número de mortos e nenhuma mudança em termos políticos no Irã.

A primeira Guerra do Golfo ocorreu quando o Iraque, após passar por 10 anos de Guerra contra o Irã, tentou assumir a liderança no mundo árabe. O Kuwait, apoiado, armado e financiado pelos Estados Unidos, declarou guerra ao Iraque, que mesmo derrotado, permaneceu com Saddam Hussein no comando do país. Desde então, os Estados Unidos passaram a apoiar a oposição interna ao presidente iraquiano, que insistia em manter seu país fechado à influência ocidental.

Como líder ditador, Saddam passou a promover massacres aos seus opositores e genocídios contra minorias presentes no Iraque. Essa situação fez com que os Estados Unidos passasse a direcionar a atenção internacional para o país e, no contexto do ataque terrorista de 2001, sob a justificativa infundada de que o Iraque produzia armas de destruição em massa e precisava ser impedido, a potência norte-americana passou a a enviar tropas ao país iniciando o que ficou conhecido como Segunda Guerra do Golfo.

O Iraque foi ocupado e Saddam Hussein foi preso, julgado e executado por violações aos direitos humanos. O conflito resultou em acordos vantajosos aos Estados Unidos sobre as reservas de petróleo e o mesmo passou a controlar o território iraquiano por meio de suas forças especiais.

Na país a população enfrenta sérios problemas de condições de vida após as duas Guerras do Golfo. A mortalidade elevada é agravada pela destruição dos sistemas de saneamento básico e de tratamento de água. Além da infraestrutura comprometida, o embargo econômico imposto pela ONU em 1991 dificultou a reconstrução do país e restringiu a compra de medicamentos e alimentos pelos país. Esse embargo foi suspenso em 2003, após os Estados Unidos invadir o país e depor Saddam Hussein abrindo-o, finalmente, para os interesses ocidentais.

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