A BARBIE, O ACARAJÉ E A GLOBALIZAÇÃO | ATUALIDADES
O mundo ficou cor de rosa! Muitos amam, alguns já estão enjoados e outros simplesmente não aguentam mais. Tudo por causa do filme Barbie, que estreia no dia 20 de julho. Todo marketing está promovendo o longa e moldando os gostos e deixando ansiosos até mesmo quem nunca deu a mínima para a famosa boneca pertencente à Mattel, grande corporação do ramo de brinquedos que espera lucrar quase 1 bilhão de dólares a partir do filme.
Neste mundo globalizado tudo se transforma em produto. Até mesmo nós, trabalhadores, vendidos em troca de um salário para sobreviver. E, para que os produtos vendam mais, é preciso criar um padrão, fazendo com os mesmos circulem mundialmente e alcancem um público cada vez maior. E, no atual momento, os objetos cor de rosa, além dos influencers nas redes sociais, se impondo aos nossos olhos nos fazem descobrir que gostamos da Barbie e precisamos ver o longa.
Na contramão, é possível ampliar as vendas pegando carona e surfando na onda do momento. Por que não oferecer produtos cor de rosa, já que o mundo descobriu que ama a Barbie? É assim que comerciantes Brasil afora estão pintando tudo de rosa. Até o café.
Mas isso foi longe demais. Quando em Salvador, uma vendedora resolver oferecer acarajé rosa, a coisa ficou mais complexa. Acontece que o acarajé não é só uma iguaria a ser consumida por turistas que visitam a cidade. Trata-se de um patrimônio cultural imaterial do país e representa muito mais do que um simples alimento.
Tingir o produto, descaracterizando-o, foi ofensivo e rendeu críticas severas da Associação Nacional das Baianas do Acarajé, ABAM. Segundo a entidade, ao pintar o alimento de rosa, a vendedora desvalorizou o ofício das baianas, além de colocar a Barbie, uma personagem branca, acima de uma tradição que reflete a cultura afro-brasileira.
O fato é que a vendedora usou de uma estratégia de marketing para atrair clientes. Pouco importa a tradição, a cultura e o legado. No mundo globalizado vale tudo para vencer a concorrência. E é assim que os hábitos e costumes locais vão gradativamente sendo substituídos por padrões globais, muito mais fáceis de serem atingidos pela publicidade.
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