PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 05 | FICHAMENTO
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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
ENSINAR EXIGE REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA
“A prática docente crítica, implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o pensar sobre o fazer.” (p. 39)
A prática do pensar certo não deve ser espontânea. Pelo contrário, ela tem de ser fundamentada na crítica e na constante reflexão sobre a sua atuação. Desse modo, os passos do professor no ato de educar carece de planejamento e ações calculadas. O pensar certo deve ser um aprendizado para o docente desde sua formação, além de fundamentar a curiosidade como base do saber. Refletir sobre a prática é fundamental para que ela se transforme em crítica a partir da ingenuidade. Nas palavras de Paulo Freire,
"Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática." (p. 40)
O discurso teórico, para Freire, é necessário na reflexão crítica, devendo ser concreto evitando o distanciamento epistemológico da prática e permitindo a superação da prática ingênua para a prática metodologicamente rigorosa em sala de aula. Ao professor cabe a capacidade de mudar, transformação que deve ocorrer a partir da reflexão a fim de permitir que ele assuma o sentido de sua atividade. O autor destaca a raiva como elemento emocional importante para a mudança. Raiva essa que não pode superar os limites que lhe dão razão para que não seja tomada pela odiosidade, o que é totalmente diferente. Para Paulo Freire,
"Está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador." (p. 41)
ENSINAR EXIGE O RECONHECIMENTO E A ASSUNÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
Ao professor cabe reconhecer e assumir sua identidade cultural. Ao se assumir, se tornando sujeito, reconhece os riscos de suas escolhas e as virtudes das mesmas. Reconhecer a si mesmo, não exclui os outros. A identidade cultural, que Freire coloca como parte da dimensão individual e de classe, deve ter respeito absoluto na prática educativa e está relacionada à possibilidade de assumirmos como nós mesmos. O autor destaca que,
"A aprendizagem da assunção do sujeito é incompatível com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado." (p. 43)
A solidariedade social, necessária para a construção de uma sociedade melhor, nos permite ser nós mesmos e só pode ser alcançada por meio de uma formação democrática. Paulo Freire destaca a importância dos gestos do professor, que mesmo ingênuos, podem ser carregados de significados e fazer a diferença na formação do educando. O autor exemplifica a profundidade dos gestos relato uma experiência sua como aluno:
"O gesto do professor me trazia uma confiança ainda obviamente desconfiada de que era possível trabalhar e produzir. De que era possível confiar em mim, mas que seria tão errado confiar além dos limites quanto errado estava sendo não confiar." (pp. 43-44)
Portanto, os gestos do professor podem contribuir para a assunção do sujeito por si mesmo. É por isso que é indispensável, como educadores, refletirmos sobre eles e planejá-los. Paulo Freire critica ainda a negligência do caráter socializante da escola, que vê os recreios e as relações entre os alunos apenas como passatempo nos momentos de descanso, não percebendo que essas relações também fazem parte da formação do sujeito. Para finalizar, Freire afirma que,
"O que importa, na formação docente, não é a repetição mecânica do gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da insegurança a ser superada pela segurança, do medo que, ao ser educado, vai gerando coragem." (p. 45)
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