PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 03 | FICHAMENTO
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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
ENSINAR EXIGE PESQUISA
“Pensar certo, do ponto de vista do professor, tanto implica o respeito ao senso comum no processo de sua necessária superação quanto o respeito e o estímulo à capacidade criadora do educando.” (p. 31)
A pesquisa está intrinsecamente ligada ao ensino. Ela fundamental para que possamos tomar conhecimento do novo e despertar a curiosidade que, no entender de Paulo Freire, deve ser rigorosamente metódica. Uma das funções do professor, então, é fazer com que a curiosidade, que inicialmente é ingênua, caracterizada pelo senso comum e pelo saber puramente empírico, passe a ser um curiosidade epistemológica, sistematizada e metódica.
ENSINAR EXIGE RESPEITO AOS SABERES DOS EDUCANDOS
Nesse contexto, os saberes dos educandos, aqueles construídos socialmente, precisam ser respeitados pelo educador. A melhor forma para que isso ocorra, é relacioná-los ao conteúdo que está sendo estudado. Para exemplificar essa prática, Paulo Freire questiona:
"Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes?" (p. 32)
É por falas como essas que Paulo Freire recebe críticas dos reacionários do momento, que creem que a função dos alunos é apenas fazer tarefas e prestar obediência inquestionável ao professor. O autor afirma que os conteúdos devem ser aproveitados para questionar a realidade e os problemas sociais, perguntar sobre as desigualdades, abordar a violência e evidenciar o descaso. Ironizando os motivos pelos quais seus críticos afirmam que o professor não poderia falar sobre questões sociais, Freire escreve:
"Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. A escola não é partido. Ela tem de ensinar conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes por si mesmos." (p. 32)
ENSINA EXIGE CRITICIDADE
O autor aponta a criticidade como a superação da ingenuidade. Ele afirma que,
"Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos, acrescentando a ele algo que fazemos." (p. 33)
Essa superação então partiria da curiosidade, que de ingênua deveria ser tornar cada vez mais rigorosa, movida por uma inquietação questionadora, sendo indispensável à criatividade. A tarefa da prática educativo-progressista, no entender de Paulo Freire, é promover a curiosidade de ingenuidade para a criticidade, já que essa transformação não se dá automaticamente. Sobre a importância da curiosidade, ele ainda escreve:
"Curiosidade com que podemos nos defender de irracionalismos decorrentes do ou produzidos por certo excesso de racionalidade de nosso tempo altamente tecnologizado. E não vai nesta consideração nenhuma arrancada falsamente humanista de negação da tecnologia e da ciência. Pelo contrário, é consideração de que, de um lado, não diviniza a tecnologia, mas, de outro, não a diaboliza." (pp. 33-34)
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