PEDAGOGIA DA AUTONOMIA - PARTE 02 | FICHAMENTO
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FREIRE, PAULO. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 49. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.
“[...] Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção.” (p.24)
Começaremos, a partir deste texto, a tratar do primeiro capítulo do livro, intitulado "Prática docente: primeira reflexão". Inicialmente, Paulo Freire defende que os conhecimentos e saberes de que trata sua obra são necessários tanto para professores progressistas quanto para os conservadores, dizendo que alguns deles são mais adequados aos construtivistas enquanto outros são ideais para os tradicionais, cabendo a cada educador identificar e perceber essas diferenças.
O autor fala sobre a prática educativo-crítica ou progressista como aquela que exige reflexão, cujos conteúdos devem fazer parte da compreensão estabelecida na formação, que deve ser permanente e contínua. Ele ressalta a importância de refletir quando afirma que,
"A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da reflexão Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blá-blá-blá e a prática, puro ativismo." (p. 24)
Freire diz então que não há teoria sem prática e nem prática sem teoria.
Na educação progressista, deve-se quebrar aquele paradigma do professor como sujeito e detentor do conhecimento e o estudante como um recipiente que recebe passivamente do professor os saberes. Ele entende que educadores e educandos estão em processo de formação, já que o ser humano é um ser histórico e permanentemente inacabado. Dessa forma, o professor deixa de ser o transmissor do conhecimento para se aquele que aguça a curiosidade e transforma o aprendiz em criador.
Paulo Freire teceu fortes críticas ao modelo de ensino que ele classifica como bancário. Trata-se de uma prática de engessa tanto o educador quanto o educando. Tanto é desagradável essa forma de ensinar que o professor age de forma autoritária e impositiva para obrigar os estudantes a fazerem o que não querem, considerando-os passivos e sufocando a dúvida e a rebeldia diante da curiosidade persistente.
No item 1 deste capítulo, com o título "Ensinar exige rigorosidade metódica", o autor enumera os deveres do educador democrático, dentre eles reforçar a capacidade crítica do educando a fim de produzir o conhecimento que vai além da simples transferência, já que,
"[...] Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender, tanto mais se constrói e desenvolve o que chamando de ‘curiosidade epistemológica’, sem a qual não alcançamos o conhecimento cabal do objeto." (pp. 26-27)
Dessa forma, o estudante deverá se tornar sujeito de sua própria aprendizagem sendo capaz de reconstruir, de maneira autônoma, aquilo que foi aprendido. Ao trabalhar com rigorosidade metódica, dissociando a educação do ensino bancário, o professor consegue extrapolar o objeto ou conteúdo estudado, tornando seu estudante apto a construir se conhecimento. Segundo Freire,
"Só assim podemos falar realmente de saber ensinado, em que o objeto ensinado é apreendido na sua razão de ser e, portanto, apreendido pelos educandos." (p. 28)
O autor aponta a memorização mecânica, a repetição de frases e ideias e a falta de leitura crítica, como prática do educador que pensa errado. O pensar certo, no entender dele, está relacionado à leitura crítica, ao rigor ético e à pureza distante do puritanismo, de modo que,
"Só, na verdade, quem pensa certo, mesmo que, às vezes, pense errado, é quem pode ensinar certo. E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiados certos de nossas certezas." (p. 29)
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