OS DESDOBRAMENTOS DA GEOGRAFIA LA BLACHEANA | FICHAMENTO
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TEXTO ANTERIOR: VIDAL DE LA BLACHE E A GEOGRAFIA HUMANA
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. 21. ed. São Paulo: Anablume, 2007.
OS DESDOBRAMENTOS DA PROPOSTA LA BLACHEANA
“Vidal fundou a corrente que se tornou majoritária no pensamento geográfico. Pode-se dizer que, após suas formulações, o núcleo central dessa disciplina estava constituído. [...] La Blache criou uma doutrina, o Possibilismo, e fundou a escola francesa de Geografia.” (p. 85)
Uma ampla rede de pesquisas direcionada pelas formulações de Paul Vidal de La Blache agregou seus seguidores que incorporaram ao conhecimento geográfico ideias próprias. As propostas de La Blache foram assumidas integralmente por alguns, fundamentaram formulações próprias de outros, foram usadas para desenvolver estudos específicos para por uns e, até mesmo, serviu para a formulação de propostas conflituosas por outros tantos de seus seguidores.
A Geografia Universal foi uma obra coletiva planejada por Vidal e executada por seus discípulos, onde cada um estudou uma determinada fração do planeta. Moraes aponta que
"Nesse trabalho, explicitaram um conceito vislumbrado por La Blache, que seria tomado como o balizamento central da Geografia francesa posterior - a ‘região’. Esta era a denominação dada a uma unidade de análise geográfica, que exprimiria a própria forma de os homens organizarem o espaço terrestre." (p. 86)
Com isso, veio à tona a ideia de região como uma área a ser delimitada pelo geógrafo, sendo uma unidade possuidora de individualidade em relação aos espaços vizinhos. Segundo Moraes, essa noção foi importada da Geologia, que tinha na região uma parcela do espaço como uma unidade natural com individualidade estabelecida pela natureza. Vidal, então, humanizou este conceito trazendo a individualidade dos dados humanos ao estudar a historicização do espaço.
Surge a Geografia Regional, que o autor afirma ser a área mais utilizada no pensamento geográfico. Nesse compartimento da Geografia, deveria-se conhecer profundamente e descrever e observar os fenômenos. O receituário consistia em estudar de cada fração do espaço os aspectos físicos, para depois analisar a ocupação, seguindo para agricultura, para a cidade e para indústria. Esgotadas as características do espaço, deveria partir para outro e começar tudo novamente. Segundo Moraes,
"Esta perspectiva se difundiu bastante, enfocando regiões de todos os quadrantes da Terra. Até hoje, estes estudos são regularmente realizados. Por isso, pode-se dizer que a Geografia Regional foi o principal desdobramento da proposta vidalina." (p. 88)
Outro desdobramento da proposta de La Blache foi o surgimento de novas especializações para suprir a demanda dos estudos regionais. O objetivo era sintetizar os elementos obtidos, sendo que, a partir de sua natureza, caberiam ser analisados pela Geografia Agrária, Geografia Urbana, Geografia das Indústrias, Geografia da População ou Geografia do Comércio. Cada uma dessas Geografias deveria comparar as diferentes regiões dentro de sua especialidade.
Moraes aponta a Geografia Econômica como aquela que manteve uma perspectiva mais universal da Geografia, já que, ao estudar a vida econômica da região, articulava conhecimentos de outras especialidades, trazendo explicações que iam além do descritivo a se utilizar de modelos e raciocínio dedutivos. Sobre isso, o autor escreveu que
"Na verdade, a Geografia Econômica foi um dos focos destacados de surgimento do movimento de renovação do pensamento geográfico, estando assim no limite da Geografia Tradicional. Entretanto, sua origem remonta, sem dúvida, à Geografia Regional de inspiração vidalina." (p. 89)
A Geografia de La Blache teria influenciado até mesmo o pensamento dos historiadores. O autor exemplifica Lucien Febvre, que apresentou as ideias de Vidal ao confrontar as proposições de Ratzel, chegando a defendê-las de críticas levantadas por Émile Durkheim. Foi Febvre, também, que cunhou os termos Possibilismo e Determinismo. As propostas de La Blache se desdobraram em um Geografia Histórica, que trataria da organização do espaço nas ações humanas pelo tempo.
Dentre os autores posteriores a La Blache, Moraes destacou Max Sorre, cujas principais obras foram publicadas na década de 1940. Sorre representou um maior avanço das propostas lablachianas, trazendo como objeto geográfico as formas de organização do ser humano no meio, cunhando o conceito de habitat. Este seria uma porção do planeta relacionada à uma sociedade organizada, ligando-se ao conceito de gênero de vida de la Blache.
Esse objeto pode ser considerado então uma Ecologia Humana, apresentando espaços sobrepostos em inter-relação, sendo eles o físico, o econômico, o social, o cultural, entre outros. Segundo Moraes,
"A Geografia de Sorre pode ser entendida como um estudo da Ecologia do homem. Isto é, da relação dos agrupamentos com o meio em que estão inseridos, processo no qual o homem transforma o meio. Assim, as condições do meio geográfico, fruto da ação dos homens, não seriam as mesmas daquele meio natural original." (p. 91)
Outros autores destacados no livro são Le Lennou e Cholley. Suas obras foram publicadas na década de 1950 onde aparecem as propostas que encerraram o ciclo da Geografia Tradicional na França. Le Lannou definiu o homem habitante como objeto geográfico, criticou o naturalismo e privilegiou a organização social em seus estudos.
Cholley por sua vez, apontou como objeto o que ele denominou como “fatos geográficos”, que consistiam em combinações presentes no planeta e as relações entre seus elementos. Suas propostas, também, se desenvolveram no sentido de restaurar a unidade entre as Geografias física e humana. Para finalizar, Moraes destacou que
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